Um livro de dois não-escritores não vende 60 mil exemplares se não toca num ponto nevrálgico da sociedade: a saúde mental. Foi o que aconteceu com Você Aguenta Ser Feliz? (Ed. Sextante), que escrevi com meu psiquiatra, o Dr. Arthur Guerra.

A (falta de) saúde mental é uma das maiores epidemias do mundo moderno. Depressão, ansiedade, solidão, vício em álcool, remédio para dormir, drogas, celular são marcas desses dias. O Dr. Arthur Guerra salvou minha vida. Eu era enorme de gordo e fiz uma bariátrica sem qualquer preparo. E aí um cara como eu, que nunca gostei de álcool, desandei a beber. O trem não sai do trilho da noite para o dia. Operei em 2006, mas lentamente a bebida foi virando um problema.

Em 2011, já tinha virado. Um problema que afetava a minha família, a minha empresa. Roberto Kalil, meu cardiologista, me salvou quando me apresentou o Dr. Arthur Guerra. Dr. Arthur tirou a bebida, o excesso de remédio para dormir – e me botou para correr, nadar e pedalar. Essa minha história não é original, e é por isso que este livro virou um best-seller. Milhares e milhares e milhares de pessoas no Brasil estão passando por isso. Ou por outros desafios mentais. Depressão (tive), ruminação (tenho), ansiedade (muito). Eu sou o sonho de consumo do psiquiatra. Deus me deu uma mente criativa – mas para criar problemas também. Por que os livros de autoajuda vendem tanto?

Porque esse mundo da solidão das redes antissociais é o mundo da doença mental. O sucesso do livro, a meu ver, se deve ao fato de uma pessoa de sucesso ter a coragem de contar que foi à lona e quase perdeu tudo numa sociedade da vitória em que todo mundo é lindo e maravilhoso no Instagram. E na vida real? A resposta dos leitores ao nosso livro foi incrível. Ao me ver sair do armário, as pessoas perdem o medo: “Meu marido precisa ler isso.” “Durante a pandemia, eu passei a beber muito, eu morava sozinha e enlouqueci.” “Muito obrigado, você salvou o meu casamento”. “Meu filho parou de fumar”. “Eu voltei a fazer esporte”. “Vocês me salvaram do suicídio” … Não foi fácil fazer esse livro. Dr. Arthur, como escritor, é um grande psiquiatra. E eu escrevia com coragem, mas depois ficava com medo da opinião alheia. Mas a minha vontade de ajudar pessoas, vidas, carreiras e casamentos foi maior que o meu medo. Existem outros livros sobre esse assunto. Mas eu acredito na abordagem do Dr. Arthur, “Mens sana in corpore sano”. No nosso corpo está a nossa doença e a nossa cura. E o que ele diz é objetivo. Não tem muita viagem na maionese.

Cuidando do seu corpo pelo esporte, pelo sono, pela alimentação, pela relação com sua família e amigos você sai do círculo vicioso e entra num círculo virtuoso. E outra grande ajuda é um paciente destemido se despindo na frente dos outros. Na hora que eu me dispo, os outros se reconhecem: “eu tenho isso”, “meu marido é assim”, “meu filho está passando por isso”. Eu busquei traduzir a linguagem médica para  aproximá-la das pessoas, usando emoção, graça, frases de efeito. Como um bom publicitário, eu vendi a visão de Dr. Arthur. E vendemos 60 mil livros. Os nossos honorários com o livro vão todos para a Casa Santa Terezinha, e eu não descanso enquanto esse livro não chegar a 100 mil exemplares. 60 mil já é uma brutalidade num país como o Brasil.

E você, meu caro leitor, minha cara leitora, se não precisa dele, está com certeza cercado de pessoas que precisam. Na linguagem mercadológica, está vendendo muito porque o mercado é imenso. Por isso, recomendo esse meu testemunho como o melhor presente que você vai achar para o Dia dos Pais. Uma camisa, um cinto, um relógio, uma garrafa de whisky podem dar alegria ao seu pai. Mas não dão felicidade. Este livro é transformador. A propaganda dele é o boca a boca.

E foi esse boca a boca de pessoas cujas vidas foram transformadas que fez dele um best-seller. Não tenham medo de ser felizes – e curtam seus pais.

Nizan Guanaes é publicitário e é feliz.

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Fonte: https://braziljournal.com/como-fui-a-lona-e-aprendi-a-ser-feliz/

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